Vaginismo? O que é? Vou ter para sempre? Tem cura? Foram essas as primeiras perguntas que passaram na minha cabeça quando soube dessa condição. Mas, antes de contar o meu tratamento, eu tenho que contar como tudo começou. Para isso, eu devo voltar na minha infância e adolescência. Como eu e minhas amigas falamos, eu venho de uma tradicional família mineira, por isso, a minha criação foi cheia de tabus, falar sobre sexo era proibido, menina tem que se comportar como uma menina e tem que tomar cuidado, pois menina que faz sexo pode ser considerada uma “puta”. Nunca conversei com minha mãe sobre sexo, minha irmã mais velha sempre me tratou como uma criança e meu pai me prometia me tirar da escola se eu tivesse um namorado, então, transar era a expulsão de casa. À medida que fui crescendo, eu aprendi a reprimir meus sentimentos sobre sexo. Mas, um dia eu conheci o meu
namorado e a vontade de ter a minha primeira vez surgiu. Infelizmente, eu senti dor, mas durante um tempo eu consegui conviver com a dor. Mas, o medo de engravidar tomava conta de mim, o medo da reação da minha família, ao saber que eu estava transando, preocupava-me. Pode parecer bobo, mas o pavor era tanto que as dores aumentaram ao ponto de eu não deixar o meu namorado encostar na minha perna, pois, eu já começava a tremer. Certo dia, eu percebi que não poderia continuar no medo e tentei fazer sexo, mas a dor era tão grande que eu não consegui. Eu me lembro de ter ficado horas chorando, porque eu me sentia uma fracassada. Eu lembro que pensei se teria que terminar o meu namoro ou se poderia viver sem fazer sexo. Mas, não era o que eu queria, dentro de mim eu sabia que tinha o direito de ser feliz, fazer sexo não era errado e eu não queria terminar. Então, eu pesquisei sobre dores durante a relação sexual e li sobre o vaginismo. Procurei o conceito, li sobre o tratamento e procurei um profissional em Belo Horizonte para fazer o tratamento. Eu lembro o dia da primeira consulta com a Meg, eu sentia vontade de vomitar, não dormi à noite, eu pensava que nunca ia conseguir me livrar do vaginismo. Mas, comecei o tratamento e não foi fácil.
Houve momentos em que pensei em desistir. Houve dias em que chorei pensando que nunca conseguiria vencer. Mas, o apoio da Meg e o envolvimento do meu namorado foram essenciais. Ter pessoas que nos apoiam e não nos julgam é fundamental para o sucesso do tratamento. Mas, eu sei que isso tudo aconteceu e deu certo, pois eu me dediquei e me entreguei de corpo e alma. Hoje, eu tenho a noção de que o tratamento não só me ajudou fisiologicamente, como também me possibilitou redescobrir a mulher que eu quero ser.
(A.C.A)
